quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

“Havia aí algumas pessoas espiando, para verem se Jesus ia curá-lo em dia de sábado, e assim poderem acusá-lo” (Mc 3, 2)


Além do drama pessoal da enfermidade e da grave tensão que sentia em ser ou não curado, o homem do evangelho de hoje ainda sofria a exposição de suas misérias ao juízo do grande público. Só Jesus se preocupava realmente com a dor daquele homem, e com a de todos os homens.

A popularização dos meios de comunicação audiovisuais, infelizmente, não popularizou a compaixão de Jesus. Tem sempre alguém querendo “dar uma espiadela” na vida alheia, mas com pouca misericórdia. Antes os “fofoqueiros de plantão” iam ao Templo, ou à janela da vizinha. Hoje, vigiam no anonimato cômodo do lar: “Com quem está fulano?”, “como se veste?”, “onde viajou?”...

Por outra parte, que necessidade há em “postar” tudo? Há duas virtudes cristãs, um pouco fora de moda, que precisam ser reestudadas: a modéstia e o pudor. Preservar a intimidade é cristão! Tanto a ostentação quando a bisbilhotice não entram no catálogo das virtudes dos santos. Muitos ícones modernos são um perfeito exemplo de como a exposição exagerada unida ao juízo da opinião popular causam depressão e outros distúrbios. Não há “espiadela” inocente, quando a razão de fundo é querer ser juiz impiedoso do irmão.

Catecismo, 2521: “A pureza exige o pudor. O pudor é parte integrante da temperança. O pudor preserva a intimidade da pessoa. Designa a recusa de mostrar o que deve ficar oculto. Ordena-se à castidade e comprova-lhe a delicadeza. Orienta os olhares e as atitudes em conformidade com a dignidade das pessoas e com a união que existe entre elas”.

Francisco: “Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a «mística» de viver juntos, misturarmo-nos, encontrarmo-nos, darmos o braço, apoiarmo-nos, participarmos nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. Assim, as maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em novas oportunidades de encontro e solidariedade entre todos”. (EG, 87)

São Bento: “Façamos o que diz o profeta: "Eu disse, guardarei os meus caminhos para que não peque pela língua: pus uma guarda à minha boca: emudeci, humilhei-me e calei as coisas boas". [2] Aqui mostra o Profeta que, se, às vezes, se devem calar mesmo as boas conversas, por causa do silêncio, quanto mais não deverão ser suprimidas as más palavras, por causa do castigo do pecado?”. (Regra 6:Do silêncio, 1-2)

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