“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. (Mt 9, 15)
Não se pode dissociar jejum
de espera. A prática espiritual do jejum, consagrada pela tradição cristã e por
tantas outras tradições religiosas, tem sentido porque vivemos um intenso tempo
de espera, mas o Senhor voltará! Então, não haverá mais luto.
A ansiosa espera do cristão
não é passiva. Não dá pra “matar o tempo” até que o momento importante nos
surpreenda. Faz-se necessária uma preparação para receber o Senhor. Não somos
como pacientes na fila do dentista, mas como caseiros que organizam as coisas,
às pressas, para receber o Rei do Céu.
No meio do caminho, o
trabalho vai exigindo mais generosidade: os sonhos, os planos, os bens, o
tempo, a vontade, a inteligência, a vida. Curiosamente, quanto mais damos de
nós, mais nos encontramos. Surpreendentemente, quanto mais ansiosamente esperamos,
mais nos contentamos com uma misteriosa presença. Então, como em um lapso de
lucidez, percebemos que esta presença é melhor do que tudo e saboreá-la será
nosso destino feliz.
Catecismo 672: “O tempo
presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho, mas é também
um tempo ainda marcado pela ‘tristeza’ e pela provação do mal, que não poupa a
Igreja e inaugura os combates dos últimos dias. É um tempo de expectativa e de
vigília”.
Francisco: “O cristão não pode ficar
tranquilo, pensar que tudo corre bem; deve discernir as coisas e observar de
onde provém, qual é a sua raiz. Depois, a vigilância, porque em um caminho de
fé as tentações voltam sempre, o espírito ruim não se cansa nunca. Assim, tranquilizar
a consciência, anestesiar a consciência, é um grande mal. Quando o espírito
ruim consegue anestesiar a consciência, pode-se falar de uma verdadeira
vitória: se transforma no dono daquela consciência. ‘Mas isto acontece em todo
lugar! Sim, mas todos, todos temos problemas, todos somos pecadores, todos...’.
E em todos, inclui-se o ‘ninguém’. Ou seja, ‘todos menos eu’. E assim se vive a
mundanidade, que é filha do espírito ruim”. (09/10/2015)