sábado, 30 de abril de 2016



Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. (Jo 14, 23)


Jesus nos chama a uma relação de amizade com Ele. Eu sou muito grato a Jesus por tê-lo conhecido. Dou graças pelos meus pais e avós, que me ensinaram a fé. Também agradeço aos meus amigos, os que já se foram e os que continuam comigo, os que saíram do caminho e os que continuam... a todos eu sou muito grato, pois sei (e aprendo a cada dia) que não é possível caminhar sozinho para Jesus.

Jesus é um bom amigo, que apresenta a nós seus outros amigos. Dizem que esta é a verdadeira amizade: quando nos tornamos amigos dos amigos de nossos amigos. Mas o amigo não é aquele que aceita “tudo”... Um amigo espera correspondência, lealdade, confiança, ânimo, abertura, etc.

Não sei quem espalhou por aí que “Jesus é tão bom que aceita qualquer coisa”. Ele nos aceita sempre, mesmo sendo pecadores, mas isto não produzirá fruto se não houver o desejo de conversão. Perdoa-nos sempre, mas precisamos permanecer com Ele. É paciente e bom! Mas pede que nós não desistamos de crescer no bem. Aquele que faz a experiência da “amizade com Jesus” sabe que ele é fiel, não nos abandona mesmo nos momentos mais difíceis e desesperados da vida. Mas, como disse Santo Agostinho: “O Deus que nos criou sem nós, não nos salvará sem nós”. Nossos amigos só podem nos ajudar se nós nos abrimos. Por que com Deus seria diferente?

Catecismo 1829: “A caridade tem como frutos a alegria, a paz e a misericórdia; exige a beneficência e a correção fraterna; é benevolência; suscita a reciprocidade; é desinteressada e liberal; é amizade e comunhão. ‘A finalidade de todas as obras é o amor. Este é o fim; é para alcançá-lo que corremos, é para ele que corremos; uma vez chegado, é nele que repousaremos’ (Santo Agostinho)”.


Papa Francisco: “Jesus envia os seus não como detentores de um poder ou como os donos da lei. Ele os envia ao mundo, pedindo a eles que vivam na lógica do amor e da gratuidade. O anúncio cristão se transmite acolhendo quem está em dificuldade, acolhendo o excluído, o marginalizado, o pecador”. (O nome de Deus é misericórdia, p. 132)

sexta-feira, 29 de abril de 2016



Virgindade e celibato: por uma sexualidade pascal

CENCINI, Amedeo. São Paulo: Paulinas, 2012, 3a edição.

Introdução

“(Este livro) propõe, sobretudo, um método e não só conteúdos. Um método que consiste substancialmente naquela estrutura antes indicada, como uma ordem (um ordo) de reflexão pessoal, de avaliação constante e pontual que coloca em primeiro lugar a Palavra de Deus para deixar-se perscrutar por ela até as profundidades inconscientes da pessoa, também com o auxílio das ciências humanas, e à luz inspirada de nossos irmãos mais velhos, os Padres – como já dissemos. Mas também à luz daqueles que viveram a mesma aventura da virgindade sobre a terra. (...) Todo virgem ou celibatário deveria aprender este método – não pode haver outro – para viver sempre melhor a oferta do próprio corpo e da própria sexualidade ao Deus amor”. (p. 18)

“A virgindade é antes de tudo sexualidade, não a sua negação, mas a sexualidade que passou através do mistério da Páscoa, que... passou no exame pascal e foi ‘promovida’, não mortificada – como, aliás, toda uma tradição de virgens continua a nos repetir. A virgindade é sinal de passagem”. (p.18-19)

1.     Sentido de uma escolha

“A quem escolhe consagrar-se na castidade perfeita, é pedida não uma maturidade afetiva qualquer, mas aquela típica de quem recebeu como dom o carisma da virgindade por causa do Reino, pela Igreja e no mundo, e é chamado a vivê-lo segundo a vocação particular do instituto ao qual pertence, ou na qualidade de presbítero de uma Igreja local. Neste sentido, uma maturidade afetiva de base é, de um lado, condição fundamental, como uma terra boa, para acolher um carisma; de outro, é sua consequência, como um fruto”. (p. 22)

Significado fundamental

“Ser virgem por causa do Reino enquanto consagrados(as) quês dizer: ‘Amar a Deus acima de todas as criaturas (de todo coração, de toda alma e com todas as forças), para amar com o coração e a liberdade de Deus cada criatura, sem se ligar a nenhuma e sem excluir alguma (sem agir com os critérios eletivos-seletivos do amor humano), ou melhor, amando em particular quem é mais tentado a não se sentir amável ou, de fato, não é amado’”. (p. 22-23)

“(A opção virginal) não consiste primeiramente na renúncia a instintos e tentações, tampouco no dizer não, consciente ou inconscientemente, à experiência de amar e ser amado. Não há sequer uma pretensão subjetiva de perfeição na sua origem, ou uma exigência cultual; muito menos uma imposição externa (como poderia ser uma lei) ou interna (um condicionamento psíquico como, por exemplo, o medo a outro sexo). A virgindade é “feita” de amor, e é possível apenas como uma escolha ditada pelo amor”. (p. 23)

“A modalidade do amor virginal (condições em sentido positivo) é a totalidade (...). Interessante é que se trata de uma totalidade cruzada no que diz respeito ao objeto (amor por Deus e pelo homem), no sentido de que aquele divino, Deus, é amado de coração e por um coração totalmente humano, enquanto que a criatura humana é amada com afeição divina, ou seja, sempre com um coração de carne, mas educado pela liberdade de Deus a amar com a sua largura, altura, intensidade...”. (p. 25)
“A renúncia intencional do virgem é a de renunciar aos laços definitivos e exclusivos, com caráter totalizante (...). Mas não só isso. (...). O virgem também escolhe não excluir ninguém! Em suma, ele renuncia a amar com os critérios da benevolência e simpatia somente humanas, que prefere um ou exclui outro com base no simples instinto, na espontânea atração, ou no interesse pessoal mais no que do alheio”. (p. 25)

Para uma verificação inicial

“No que nos diz respeito, somos frequentemente presunçosos; julgamos saber, temos por certo já ter compreendido tudo, ou pensamos que, com o passar do tempo, se entra na assim chamada “paz dos sentidos” (que não existe), ou nos tornamos tão ‘sábios e realistas’ (?) a ponto de não pretender ter sempre uma grande paixão no coração (que, desta forma, desaparece verdadeiramente)... Esquecemo-nos que a virgindade por causa do Reino, se não se torna objeto de atenção constante (ou de formação permanente), transforma-se em fadiga impossível de se viver ou em frustração permanente”. (p. 26-27)

“A virgindade não é algo circunscrito, que diz respeito a um determinado aspecto bem delimitado da vida da pessoa, mas é expressão de toda uma personalidade que escolheu um preciso estilo de vida; é um modo de pensar e desejar; de dar sentido à vida e à morte, de viver a relação e a solidão, de estar com Deus e com o próximo, de crer e esperar, de sofrer e ter compaixão, de fazer festa e trabalhar...”. (p. 28)

“A virgindade é a escolha inevitável do fiel que se sente envolvido por um amor... incrível. A resposta a este amor é um dom total de si a ele, cheio de gratidão (por Deus amante, fonte do amor) e de gratuidade (para aquele que são chamados a amar). (...) Não se sente herói, nem superior a quem faz outra escolha, não vive a sua virgindade como aquela artificiosa seriedade, um tanto triste, um tanto orgulhosa, que o tornaria antipático. A escolha virginal – repetimos – é questão de amor e basta”. (p. 28-29)

“Ao mesmo tempo, uma escolha que incide sobre um instinto profundamente enraizado na natureza, pede realisticamente a renúncia ao exercício deste instinto, e é uma renúncia pesada, pois tal instinto atrai e faz parte de um desígnio de origem divina. Nenhum ser humano inteligente e normal pode pensar em fazê-la com o coração leve e tranquilo”. (p. 29)

“A virgindade não suporta a mediocridade. E, de outro lado, nada como esta opção, vivida na fidelidade apaixonada, favorece a qualidade de vida: o gosto da beleza, o espírito de sobriedade, a elegância no trato, o culto à verdade, a eficácia no testemunho, a transparência contagiosa...”. (p. 31)
“(A opção virginal) assume uma particular importância para todos. (...) Existe uma crise de insignificância ou de frustração do sentido que investe também contra aquilo que está no centro da escolha virginal: o amor. Na atual babel cultural, o jovem, em particular, não sabe mais o que quer dizer amar, deixar-se querer bem, acolher o outro, ou então é induzido a pensar que certos termos (fidelidade, renúncia, gratuidade, castidade e ainda mais virgindade) não têm mais nenhum sentido hoje”. (p. 32)

“Quem recebeu o dom de ser celibatário por amor é chamado a redescobrir a sua vocação natural ao ministério da educação, em sentido lato, não só enquanto mestre, mas, sobretudo enquanto testemunha de uma virgindade solar na sua luminosidade e radicalidade, de uma virgindade vivida como dom que preenche a vida, que leva à plena maturação a vocação do amor e que torna o virgem semelhante ao Filho crucificado, como ele apaixonado por Deus e apaixonado pelo homem, até o dom radical de si”. (p. 33)

Poesia virgem

Viver sem Ti
agora que estás em mim
agora que és a vida
me é impossível.
Tudo é Tu
e eu estou no tudo.

domingo, 24 de abril de 2016


Algumas frases de Santo Tomás de Aquino sobre a caridade.

Questões disputadas: Questões disputadas sobre as virtudes, Questão 2


Respondeo

“Mediante o ato da caridade, todas as coisas que fazemos ou sofremos se tornam deleitáveis”.

“Deste modo, Deus dispõem todas as coisas suavemente, porque a todos lhes dá as formas e as forças a que lhes inclinam àquilo ao qual Ele mesmo move, para que tendam a ele sem coação, como que espontaneamente”.

Responsiones ad argumenta

“O Espírito Santo é o movente poderosíssimo, Ele move de tal maneira para amar, que também induz o hábito da caridade”.

“Ainda que o amor, com o qual amamos ao próximo, seja Deus, nãose exclui, porém, que, além desse amor incriado, haja também em nós um amor criado, com o qual formalmente amamos”.

“Quando percebemos o ato de amor em nós, sentimos em nós mesmos certa participação de Deus”.

“A caridade é um hábito de difícil moção, porque o que tem a caridade não se inclina facilmente ao pecado, ainda que, pelo pecado, se perca a caridade”.

“Pela caridade criada a alma se eleva por cima do que possui a natureza, para ordenar-se a um fim mais perfeito do que conseguiria pela faculdade da natureza”.

“A caridade ressuscita espiritual e formalmente os mortos”


Eu vos dou um novo mandamento


Na Última Ceia, Nosso Senhor nos deixou três presentes (relíquias): A Eucaristia, que é o alimento da vida eterna; o sacerdócio, que oferece o único sacrifício capaz de apagar nossos pecados; e o mandamento do amor, que é um caminho seguro de nos assemelharmos a Deus: entendido bem, podemos dizer que o amor é a força mais poderosa do universo. Estes três presentes estão intimamente ligados, de fato, um não tem sentido sem o outro.

Em alguns ambientes, já percebi a tentação de tratar o mandamento do amor (Amai-vos uns aos outros como eu vos amei), não como um auxílio em nosso caminho de iluminação, ou “cristificação”, mas como um fardo pesado de se carregar, pedra de tropeço, melhor que não existisse... Meus amigos, como esta ideia está distante de Jesus Cristo, nossa vida!

Nós somos um todo bem unido e, seguramente, se não estamos bem com nosso irmão, também não estaremos bem com Deus, nem conosco mesmos, nem com a criação de Deus. Não dá pra acreditar que um ódio guardado não tenha importância quando nos ajoelhamos para rezar. Preste atenção em dois versículos do Novo Testamento: “Portanto, se você estiver apresentando sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta” (Mt 5, 23-24); e “se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4, 20).

Catecismo 1337: “Tendo amado os seus, o Senhor amou-os até o fim. Sabendo que chegara a sua hora de partir deste mundo para voltar a seu Pai, no decurso de uma refeição lavou-lhes os pés e deu-lhes o mandamento do amor. Para deixar-lhes uma garantia deste amor, para nunca afastar-se dos seus e para fazê-los participar de sua Páscoa, instituiu a Eucaristia como memória de sua morte e de sua ressurreição, e ordenou aos seus apóstolos que a celebrassem até a sua volta, ‘constituindo-os então sacerdotes do Novo Testamento’”.

Francisco: “O mandamento do amor a Deus e ao próximo não é o primeiro porque está no topo da lista dos mandamentos. Jesus não o coloca no alto, mas no centro, porque é o coração de onde tudo deve começar e retornar; é a referência”. (26/10/2014)