segunda-feira, 31 de outubro de 2016


Dinâmicas da História do Mundo

Dawson, Christopher. São Paulo: É Realizações, 2010, 1a edição.

Introdução (Dermot Quinn)


“A integridade e a autonomia da experiência religiosa do homem são um fato, não uma artificialidade filosófica ou teológica”. (QUINN, Dermot. In: Op. Cit., p. 21)

“Terá sido o principal erro de Dawson, o de se ter deslocado para muito longe da sólida tradição empírica da historiografia britânica e para muito perto da ‘meta-história’ continental? Todavia, foi certamente Dawson, em pessoa, quem representou uma via média. Escrupulosamente atento ao detalhe, ele sabia que o detalhe, por si só, não constituía a história mais do que aleatórias notas musicais constituem o sistema harmôinico. ‘Meta-história’, aquela arquitetura de significado ampliado, através da qual os fatos históricos se tronam inteligíveis, mas, para ele, inevitável”. (Idem, p. 23)

“Todo historiador tem suma ‘meta-história’, ele reconhecia, mas apenas os melhores sabem disso”. (Idem, p. 23)

“Nenhum historiador que afirme ter seu interesse direcionado única e exclusivamente para o passado precisa ser levado seriamente, como se tamanha afirmação não precisasse de justificativas. Descartar uma filosofia da história é fazer filosofia da história, mesmo que de forma insuficiente”. (Idem, p. 25)

“Seria difícil oferecer uma descrição melhor de secularismo que ‘emoção religiosa divorciada de crença religiosa’”. (Idem, p. 32)

“Hoje em dia, a mente secular se fixa no que é puramente pessoal, subtraindo-se do social. Sua preocupações são curiosamente privadas: culto ao corpo, autenticidade, licenciosidade sexual, a Nova Era com toda a sua puerilidade mística. O secularismo se transformou na numinosidade do narcisista. O homem pós-moderno eleva um ostensório e vê em seu centro um espelho”. (Idem, 32)

“O homem urbano, desenraizado e sem vida espiritual, se esqueceu das fontes de sua vitalidade moral: a família, a região, o barro local”. (Idem, p. 33)

“‘A essência da história não se encontra nos fatos, mas nas tradições. O fato puro não é histórico. Ele apenas se torna histórico ao ser relacionado com uma tradição social, de forma que possa ser visto como parte integrante de um todo orgânico’ (...). O fato não conta a história; a história, como se deu, conta o fato. É a história que confere padrão e significado. É no fato que falta significado próprio. Além disso, organizar material desordenado, dando a ele forma narrativa, não é diminuir a particularidade histórica, mas reconhecê-la. Ver o significado para além do local é vê-lo no local”. (Idem, p. 39-40)

“O paradoxo que permeia toda a obra de Dawson é esse senso agostiniano do passado como concomitantemente preso ao tempo e destituído dele; como ação humanamente completa e ainda assim se esforçando em direção a uma finalização mais completa, em direção a uma realização além do tempo”. (Idem, 41)

“Ao participarmos da história, participamos em Cristo, que entrou na História e é seu Senhor. Ele é o momento a partir do qual todos os outros derivam seu significado. Ele é a norma a partir da qual todas as outras são constituídas. Cristo entrou na História. Ele ainda a penetra. Ele é a História (...), não simplesmente porque é o Cristo, mas porque Ele é histórico. A historicidade – o real, o concreto, o particular – não é obliterada, mas é, Nele, dotada de novo significado. (...) A história busca realização em Cristo, o qual a penetrou e a fez inteira. Assim, no final dos tempos seu significado mais profundo será conhecido”. (Idem, p. 43-44)

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