quinta-feira, 16 de agosto de 2018




Nem violão e nem cachorro!


Vocação é a urgência de um chamado, nunca nos esqueçamos disso!

Certa vez escutei uma anedota da querida Emmir Nogueira, cofundadora da Comunidade Católica Shalom, onde ela comentava sobre uma música que diz: “estou de malas prontas pra servir o meu Senhor”; dizia: “quem quer servir a Deus não tem tempo para fazer as malas”.

É bem assim que precisamos entender a nossa vocação: planos, coisas, tempo, projetos... tudo se relativiza ante a urgência de um chamado. Bagagem de missionário deve ser um pouco bagunçada mesmo e nunca pode pegar poeira! No andar da carruagem, nos tempos de oração e de serviço, as coisas vão se arrumando: sentimentos, projetos, ideias, fé...
Diz o Evangelho: “Um outro ainda lhe respondeu: ‘Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos de minha casa’. Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus’”. (Lc 9,61-62)

Outro dia escutei a história de um ex-seminarista que pensava retornar ao Seminário, mas agora não, só depois de namorar, fazer uma faculdade diferente, viajar bastante. Pode ter certeza, este não voltará nunca! E se voltar, não vai perseverar. Não é um julgamento sobre a pessoa, ele parece ser um ótimo rapaz, mas é o julgamento de uma atitude: Ou se entende que ser padre é um chamado de Deus – e urgente! – ou não se descobriu ainda a beleza de uma vocação sacerdotal.

Não dá para tratar vocação como um sofá que hoje está no meio da sala e amanhã o encostamos no canto. Vocação é a casa! Ou melhor: é sair de casa em direção ao universo! A liberdade de seguir Jesus “sem cajado ou sacola”, conforme o mesmo capítulo de São Lucas (Cf. 9, 3) é sinônimo de urgência. Deus diz constantemente ao coração do vocacionado: “Vamos! O que está esperando? Não há tempo para isso! Corra!”

O título do artigo é inspirado em uma música da dupla Simone e Simaria, que tenho escutado, querendo ou não, por onde passo: “Fizemos tantos planos, compramos tantas coisas, mas o amor é longe disso (...). Pode ficar com a casa inteira e o nosso carro, por você eu vivo e morro! Mas dessa casa eu só vou levar meu violão e o nosso cachorro”.
Pois é! Sinto muito, minhas irmãs, mas na correria do amor não dá para levar nem violão e nem cachorro! Lamento.

“Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por causa de mim a salvará. Com efeito, de que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se e arruinar a si mesmo?” (Lc 9, 23-25)


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