Nem violão e nem cachorro!
Vocação é a urgência de um
chamado, nunca nos esqueçamos disso!
Certa vez escutei uma anedota da
querida Emmir Nogueira, cofundadora da Comunidade Católica Shalom, onde ela
comentava sobre uma música que diz: “estou de malas prontas pra servir o meu Senhor”;
dizia: “quem quer servir a Deus não tem tempo para fazer as malas”.
É bem assim que precisamos
entender a nossa vocação: planos, coisas, tempo, projetos... tudo se relativiza
ante a urgência de um chamado. Bagagem de missionário deve ser um pouco
bagunçada mesmo e nunca pode pegar poeira! No andar da carruagem, nos tempos de
oração e de serviço, as coisas vão se arrumando: sentimentos, projetos, ideias,
fé...
Diz o Evangelho: “Um outro ainda lhe respondeu: ‘Eu te
seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos de minha casa’. Jesus,
porém, respondeu-lhe: ‘Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto
para o Reino de Deus’”. (Lc 9,61-62)
Outro dia escutei a história de
um ex-seminarista que pensava retornar ao Seminário, mas agora não, só depois
de namorar, fazer uma faculdade diferente, viajar bastante. Pode ter certeza,
este não voltará nunca! E se voltar, não vai perseverar. Não é um julgamento sobre
a pessoa, ele parece ser um ótimo rapaz, mas é o julgamento de uma atitude: Ou se
entende que ser padre é um chamado de Deus – e urgente! – ou não se descobriu
ainda a beleza de uma vocação sacerdotal.
Não dá para tratar vocação como
um sofá que hoje está no meio da sala e amanhã o encostamos no canto. Vocação é
a casa! Ou melhor: é sair de casa em direção ao universo! A liberdade de seguir
Jesus “sem cajado ou sacola”, conforme o mesmo capítulo de São Lucas (Cf. 9, 3)
é sinônimo de urgência. Deus diz constantemente ao coração do vocacionado: “Vamos!
O que está esperando? Não há tempo para isso! Corra!”
O título do artigo é inspirado em
uma música da dupla Simone e Simaria, que tenho escutado, querendo ou não, por
onde passo: “Fizemos tantos planos, compramos tantas coisas, mas o amor
é longe disso (...). Pode ficar com a casa inteira e o nosso carro, por
você eu vivo e morro! Mas dessa casa eu só vou levar meu violão e o nosso
cachorro”.
Pois é! Sinto muito, minhas
irmãs, mas na correria do amor não dá para levar nem violão e nem cachorro!
Lamento.
“Se
alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e
siga-me. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá, e quem perder a sua vida
por causa de mim a salvará. Com efeito, de que adianta a alguém ganhar o mundo
inteiro, se vier a perder-se e arruinar a si mesmo?” (Lc 9, 23-25)
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