Entre baleias e lobos: uma reflexão sobre a natureza humana
A internet é meu jornal mais lido
– e meu canal mais visto também – há muito tempo. Percebi que ali eu posso ver
opiniões diferentes e pensar sobre várias coisas que ampliam minha visão sobre
o mundo. Há riscos! Por exemplo, os “famigerados fakenews” e a pertinaz tentação
de só ler aquilo que me confirma e não o que me informa e me questiona. É bom
ser consciente dos problemas, pois é o caminho para vencê-los.
Outro dia li: “Orca que carregava
filhote morto há 17 dias finalmente o deixa ir”, e no texto: “Tahlequah havia
dado à luz em 24 de julho, mas seu bebê viveu por apenas algumas horas.
Desolada, a fêmea começou levar o corpo inerte para a superfície e ainda
carregá-lo por onde ia. Ela tentou até dar algumas mordidas leves em sua
barbatana, como se estivesse tentando acordá-lo”. (Diário de Brasília); e me questionava sobre o instinto
materno, consagrado de vários modos nas expressões mais sublimes da arte e da
cultura, e presente em alguns animais. Uma prova de que dentro de nós há algo
deste “sentimento materno” é que a matéria da mãe-baleia foi replicada em vários
sites, foi muito lida e diz algo quando a lemos. Não diz?
Não é um dogma religioso, não é
romantismo poético, não é discurso pronto, não é falta de capacidade reflexiva:
é natural. Talvez não seja para os “hamster”, cuja mãe devora alguns de seus
filhotes para conseguir mais proteínas para a lactação. Mas, para o ser humano,
amar os filhos é natural!
Nos bastidores das audiências
públicas sobre o aborto promovidas por ministros do STF, nos dias 03 e 06 de
agosto deste ano, um ativista pró-vida perguntava a uma senhora a favor do
aborto: “O que uma gestante tem na barriga antes da 12ª semana é uma vida?” e
isso já foi suficiente para que ela perdesse a fala e mudasse a conversa para discursos
sobre a cultura machista dominante. Fiquei com vontade de entrar no vídeo e
perguntar: “e se for o embrião de uma mulher?”. A prática inquestionavelmente
patriarcal machista e conservadora da China comunista é abortista, e poucas meninas
escapam daquele regime injusto.
Li matérias a favor do aborto
motivadas por uma suposta defesa da mulher, pelo direito de escolher ou não ter
filhos, pelo direito ao próprio corpo, pelo “progresso”, mas em nenhuma se
pensava na vida, quando esta já existe no ventre. Se um nascituro pode ser
herdeiro do rei, porque não teria direito de nascer?
É hediondo que organizações
internacionais esterilizem mulheres do terceiro mundo, mas é possível ver a
malícia desta trama. Igualmente é lamentável que governos totalitaristas
queiram intervir sobre a quantidade de filhos que uma família pode ter. Também
lamento a insistência do “looby” contraceptivista ou abortista, e não acredito
que estas causas tenham origem no desejo de fazer bem à humanidade. Mas botar
na cabeça de uma nação – de mulheres!!! –, a partir do dramatismo de casos
particulares e dos malabarismos do judiciário, que o “aborto é um direito da
mulher”, não compreendo. Perdão pela estreiteza de pensamento, é que eu e minha
mamãe vencemos juntos os nove meses de gestação: ela por mim e eu com ela; e
por isso acredito que ela só queria o meu bem e que era direito meu nascer
também.
Falei de “lobos” no título deste
artigo, porque também as lobas expõem a própria vida para salvar seus filhotes.
Por favor, não pense mal destes ilustres membros da família canidae! Não os compare com os hamster burgueses!
Gosto de viver em um planeta entre baleias e lobos, mas não escondo que a alegria
é maior quando escuto o choro de um bebê recém-nascido, pois ele tem som de
esperança.
Padre José Ruy Corrêa
Júnior
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