quinta-feira, 21 de julho de 2016



“Porque o coração deste povo se tornou insensível”. (Mt 13, 15)


A Liturgia da Palavra de hoje é bem incisiva e profética. A leitura do profeta Jeremias diz: “Vai e grita aos ouvidos de Jerusalém. (...) Dois pecados cometeu meu povo: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e preferiu cavar cisternas, cisternas defeituosas que não podem reter água”. E, no Evangelho, é o Senhor Jesus quem alerta, usando palavras do profeta Isaías: “Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure”.

A luz da graça passa pela abertura do nosso coração. E o coração pode tornar-se insensível e fechado. Por tanto, não adianta querer ser de Deus sem, antes, curar sua insensibilidade. Seria como querer refrescar-se sem tirar o casaco, ou tomar banho usando capa de chuva.

O excesso de comer, a embriaguez e as preocupações da vida (Cfr. Lc 21, 34), assim como a luxúria e a imoralidade (Cfr. 1Pe 4, 3) e todo tipo de maldade, desonestidade e injustiça (Cfr. Mc 7, 21-23) tornam o coração do homem insensível. O pecado não só tem efeitos para fora, mas também transforma interiormente o pecador. O pecado embrutece e insensibiliza o coração. Voltemos a Deus de todo o coração e Ele se voltará para nós!

Catecismo: O pecado arrasta ao pecado; gera o vício, pela repetição dos mesmos atos. De aí resultam as inclinações perversas, que obscurecem a consciência e corrompem a apreciação concreta do bem e do mal. Assim, o pecado tende a reproduzir-se e reforçar-se, embora não possa destruir radicalmente o sentido moral”. (n. 1865)

Papa Francisco: Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma”. (EG 54)

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