Algumas frases de Santo Tomás de Aquino sobre a caridade.
Questões disputadas: Questões disputadas sobre as virtudes, Questão 2
Artigo 2: Se a caridade é uma virtude.
Respondeo
“A
virtude torna bom quem a possui e torna boa a sua obra, é manifesto que o
homem, conforme a própria virtude, se ordena a seu próprio bem”.
“Porque
a virtude é praticada para o bem, requer-se para qualquer virtude que ela opere
bem para alcançar o bem, isto é, voluntária e prontamente, com deleite e,
também, firmemente, pois estas são as condições para a obra virtuosa, que não
podem convir para alguma operação, a não ser que quem opere ame o bem pelo qual
atua, já que o amor é o princípio de todos os afetos voluntários”.
“Aquilo
que se ama se deseja enquanto não se tem, e produz deleite enquanto se tem, e
os obstáculos que impedem ter o amado causam-lhe tristeza. E as coisas que se
fazem por amor se fazem também com firmeza, prontamente e com deleite.
Portanto, para a virtude se requer o amor do bem, pelo qual se pratica a
virtude”.
“O
homem, para que seja admitido pela graça divina na participação da beatitude
celeste, que consiste na visão e fruição de Deus, age como cidadão e sócio
dessa sociedade bem-aventurada, que se chama Jerusalém celeste (...). Por isso,
certas virtudes gratuitas, que são as virtudes infusas, convêm ao homem, assim
destinado aos céus, para cuja operação se exige anteriormente o amor do bem
comum de toda a sociedade, que é o bem divino, enquanto é objeto da
bem-aventurança”.
“Amar do
bem de uma cidade (virtude do político) ocorre de dois modos: um modo para que a tenha, outra para que a conserve. No entanto, amar o bem de uma cidade para
que a tenha ou a possua, não torna bom o político, porque também o tirano ama o
bem de uma cidade para dominá-la. Ora, isso é amar mais ele mesmo do que a
cidade, pois deseja esse bem para si, não para a cidade. Ora, amar o bem da
cidade para conservá-la e para defendê-la, isto é, de fato, amar a cidade, é o
que torna bom um político, como alguns, por causa da conservação do bem da
cidade, se expõe aos perigos de morte e descuidam o bem privado”.
“(A
caridade) que ama a Deus por ele mesmo e aos próximos que são capazes da beatitude,
assim como a si mesmos. (Esta) repugna todos os impedimentos para si mesma e
para os outros. Por isso, a caridade nunca pode existir com o pecado mortal,
que é um impedimento da beatitude”.
Responsiones
ad argumenta
“A
dificuldade (em adquirir a virtude) não apenas provém da contrariedade, mas
também da excelência do objeto”.
“O amor,
segundo o que está na parte sensitiva, é uma paixão, que é certamente o amor do
bem, mas conforme os sentidos. No entanto, tal amor não é o amor da caridade”.
“O
objeto da caridade, a saber, Deus, transcende toda faculdade humana. Por isso,
por mais que a vontade humana se esforce para amar a Deus, ela não pode
alcançá-Lo quanto a proporção de que deve ser amado. E, por isso, diz-se não
haver uma medida para a caridade”.
“Os dons
(do Espírito Santo) aperfeiçoam as virtudes, elevando-as para além do modo
humano (...). Ora, a acerca do amor de Deus, não existe nele imperfeição alguma
que seja necessária aperfeiçoar por meio de algum dom. Por isso, a caridade não
se põe como um dom da virtude, porque é mais excelente do que todos os dons”.
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