terça-feira, 10 de maio de 2016



Algumas frases de Santo Tomás de Aquino sobre a caridade.

Questões disputadas: Questões disputadas sobre as virtudes, Questão 2


Artigo 2: Se a caridade é uma virtude.


Respondeo
“A virtude torna bom quem a possui e torna boa a sua obra, é manifesto que o homem, conforme a própria virtude, se ordena a seu próprio bem”.

“Porque a virtude é praticada para o bem, requer-se para qualquer virtude que ela opere bem para alcançar o bem, isto é, voluntária e prontamente, com deleite e, também, firmemente, pois estas são as condições para a obra virtuosa, que não podem convir para alguma operação, a não ser que quem opere ame o bem pelo qual atua, já que o amor é o princípio de todos os afetos voluntários”.

“Aquilo que se ama se deseja enquanto não se tem, e produz deleite enquanto se tem, e os obstáculos que impedem ter o amado causam-lhe tristeza. E as coisas que se fazem por amor se fazem também com firmeza, prontamente e com deleite. Portanto, para a virtude se requer o amor do bem, pelo qual se pratica a virtude”.

“O homem, para que seja admitido pela graça divina na participação da beatitude celeste, que consiste na visão e fruição de Deus, age como cidadão e sócio dessa sociedade bem-aventurada, que se chama Jerusalém celeste (...). Por isso, certas virtudes gratuitas, que são as virtudes infusas, convêm ao homem, assim destinado aos céus, para cuja operação se exige anteriormente o amor do bem comum de toda a sociedade, que é o bem divino, enquanto é objeto da bem-aventurança”.

“Amar do bem de uma cidade (virtude do político) ocorre de dois modos: um modo para que a tenha, outra para que a conserve. No entanto, amar o bem de uma cidade para que a tenha ou a possua, não torna bom o político, porque também o tirano ama o bem de uma cidade para dominá-la. Ora, isso é amar mais ele mesmo do que a cidade, pois deseja esse bem para si, não para a cidade. Ora, amar o bem da cidade para conservá-la e para defendê-la, isto é, de fato, amar a cidade, é o que torna bom um político, como alguns, por causa da conservação do bem da cidade, se expõe aos perigos de morte e descuidam o bem privado”.

“(A caridade) que ama a Deus por ele mesmo e aos próximos que são capazes da beatitude, assim como a si mesmos. (Esta) repugna todos os impedimentos para si mesma e para os outros. Por isso, a caridade nunca pode existir com o pecado mortal, que é um impedimento da beatitude”.

Responsiones ad argumenta
“A dificuldade (em adquirir a virtude) não apenas provém da contrariedade, mas também da excelência do objeto”.

“O amor, segundo o que está na parte sensitiva, é uma paixão, que é certamente o amor do bem, mas conforme os sentidos. No entanto, tal amor não é o amor da caridade”.

“O objeto da caridade, a saber, Deus, transcende toda faculdade humana. Por isso, por mais que a vontade humana se esforce para amar a Deus, ela não pode alcançá-Lo quanto a proporção de que deve ser amado. E, por isso, diz-se não haver uma medida para a caridade”.

“Os dons (do Espírito Santo) aperfeiçoam as virtudes, elevando-as para além do modo humano (...). Ora, a acerca do amor de Deus, não existe nele imperfeição alguma que seja necessária aperfeiçoar por meio de algum dom. Por isso, a caridade não se põe como um dom da virtude, porque é mais excelente do que todos os dons”.

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