domingo, 4 de outubro de 2020

Primeiros cristãos:

#1 - Igrejas domésticas (Domus ecclesiae

Na idade patrística, vários são os conceitos, sobretudo simbólicos, utilizados para identificar a Igreja. Todos eles estão relacionados com a essência eclesial que podemos identificar como "mistério de comunhão". Dentre eles, quero destacar aqui o conceito de "casa".

Nos séculos II e III, a casa ou igreja doméstica (casa católica, se quisermos uma tradução mais literal do grego) é uma estrutura fundamental e ponto de apoio para toda a evangelização antiga. Em uma época em que não existiam os templos e em que os cristãos eram perseguidos, as "igrejas de casa" eram, muitas vezes, comunidades clandestinas e perseguidas, mas vibrantes.

Já imaginou como era a liturgia, as reuniões e o culto? Tudo nas casas, com portas fechadas e lâmpadas discretas. Um verdadeiro cenário que convidava à comunhão entre a assembleia e os ministros. Nomes sabidos de cor, de coração; gestos aprendidos por imitação e muita atenção às palavras à meia voz.

Também o governo hierárquico correspondia a esta ideia de família. Cito uma frase do primeiro bispo mártir do Norte da África, são Cipriano de Cartago, assassinado em 258: "Desde o início de meu episcopado, decidi não fazer nada por minha conta, sem pedir vosso conselho e o consentimento do meu povo. Por isso, quando for até vós, então trataremos em comum o que passou e o que poderemos fazer, tal como exige o respeito mútuo" (Epístola XIV, 4).


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