sábado, 4 de julho de 2020






Contra aqueles que supostamente "historizam" a invenção de uma nova Igreja diferente daquela fundada por Nosso Senhor.


   "Um historiador termina por projetar-se sobre o tempo ou pessoa que estuda. Como poderia, de outro modo, formular uma imagem do tal tempo ou pessoa?

   Entretanto, na historia da Igreja cristã, acontece algo a mais, e muito particular. Não somente trazemos em nós mesmos uma clara imagem do objeto, como a levará também aquele que se esforçasse em escrever a história dos gregos, mas também propriamente vivemos o cristianismo no tempo, e ele vive nós, pois o cristianismo em geral é uma questão de vida e a história da Igreja é o desenvolvimento desta vida.

   Assim, aquele que disser que o cristianismo poderá perecer em algum momento ou que já se perdeu, ou que a Igreja 'se fez outra' ou que poderia 'fazer-se outra', não é capaz de escrever história. Em todos os tempos, desde que Cristo fundou a Igreja, tanto o cristianismo como a Igreja sempre foram os mesmos, e continuarão sendo, porque Ele foi, é e será sempre o mesmo. Logo, o homem que vive agora, e vive realmente, na Igreja, será capaz de viver também os primeiros tempos desta Igreja e os compreenderá, porém aquele que não vive na Igreja atual também não viverá na antiga e primitiva, nem a compreenderá, pois tanto uma como a outra são uma mesma e única coisa".

(Möhler, Johann Adam "Anexo 1. El primer proyecto de prólogo" (1825) La unidad de la Iglesia. El principio del catolicismo expuesto según el espíritu de los Padres de la Iglesia de los tres primeros siglos, Ediciones Eunate, Pamplona 1996, 420-421).

Johann Adam Möhler - Wikipedia
Johann Adam Möler (1796-1838)

Qual é o tema, padre Ruy?
O tema é o divórcio moderno entre fé e ciência, como se uma pudesse obscurecer a outra, o que seria necessariamente uma confissão de que, pelo menos, faltaria a verdade em uma das duas.

- Se falta a verdade na ciência e esta investe contra a fé verdadeira, estamos diante de um preconceito cientificista que reduz a verdade às suas específicas capacidades de investigação.
- Se falta a verdade na fé e esta investe contra a ciência verdadeira, estamos diante de um fideísmo que é tanto mais cego quanto mais se faz anti-humano, porque é próprio do homem buscar a verdade.
- Se falta a verdade em ambas, então é ocioso continuar esta discussão, que tornar-se-ia absurda.

ENTRETANTO, se ambas são vias de acesso válido para a verdade, não há porque temer que o rigor da ciência contradiga a firmeza da fé, nem que a firmeza da fé desprestigie um método verdadeiramente científico.
A exclusão deste propugnado divórcio, contudo, se demonstra na ausência da constante tendência de que uma tome como missão pessoal encontrar falhas na outra. A solução é um caminho sereno, e sério, de busca da verdade que, por si só, se purifica cada dia como o próprio Autor da verdade é puro.

ASSIM, a História da Igreja não tem porque ser apologética contra fatos, nem seletiva colecionadora de fatos que contradizem a fé estabelecida, mas suficientemente abrangente para conjugar ambas linguagens. De modo que aqueles que não tem fé católica, se abstenham de escrever história da Igreja! Pois seria o mesmo que alguém pretendesse escrever uma poesia de sincero amor a um desconhecido, ou idealizará ou desistirá. Não acertará a forma. Não comunicará a verdade. Só desinformará. Ou será precisamente a desinformação e a mentira o seu objetivo? Neste caso, é inútil continuar esta discussão.

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