sábado, 7 de março de 2020

2o Domingo da Quaresma - Ano A (2020)


Estamos na Quaresma, um tempo de graça e salvação no qual Deus se empenha conosco para que cheguemos à Terra prometida.

Hoje um versículo do Ofício sustentou-me na contemplação da manhã. No relato da noite da libertação do cativeiro do Egito, diz a Palavra de Deus: “Aquela foi uma noite de vigília para o Senhor, quando os fez sair da terra do Egito” (Ex 12, 42).
Deus libertou o seu povo velando por ele – velando com ele, sustentando-o – na saga de sua libertação. Não poupou-lhes a luta, mas lhes assegurara a vitória. Este é o sentido bíblico de esperança.

A esperança cristã não é a simples realização de nossas expectativas, como muitas vezes poderíamos pensar. É muito mais alta que isso! É a espera do prêmio que dá sentido ao combate: não há vitória sem luta, y sem vitória não há luta que valha.
Do tema da batalha, nos falou Jesus na liturgia de domingo passado, hoje quer falar-nos da vitória: “o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (Mt 17, 2).

Isto aconteceu logo depois do primeiro anuncio da paixão. Assim rezamos no prefácio deste domingo: “Tendo predito aos discípulos a própria morte, Jesus lhes mostra, na montanha sagrada, todo o seu esplendor. E, com o testemunho da lei e dos profetas, simbolizados em Moisés e Elias, nos ensina que, pela paixão e cruz, chegará à glória da ressurreição”.

Quem pode negar que nosso amado Jesus assumiu também a cruz conosco neste caminho quaresmal? Também ele tinha os olhos fixos na glória que o Pai lhe assegurava. Nós, com os olhos fixos em Jesus, autor da nossa fé (cf Hb 12, 1), também podemos compreender que a cruz é caminho para a glória, que pela glória não é loucura desejar a cruz de Cristo, como dizia são Paulo: “Estou crucificado com Cristo” (Gl 2, 19).

Se somente Jesus é minha esperança, e eu o devo encontrar na cruz, então a cruz para mim é “sabedoria, justiça, santificação e libertação” (1Co 1, 30). A cruz só é loucura para os que não tem fé. (cf 1Co 1, 23).

Por este motivo, são Paulo não teme dizer “aos de casa”: “Sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (2Tm 1, 8), e dá como argumento “a salvação de Deus e uma vocação santa”. Sem dúvida, tanto a salvação como a vocação são santas e estão abertas a todos. Mas não todos aceitam o convite do Reino.

Não estamos falando de “fazer três tendas”, como sugerem os discípulos no evangelho de hoje, mas de descer a montanha sagrada e sofrer pelo evangelho. Isto é um convite porque a salvação é um convite.

Diz-nos a primeira leitura que Abraão aceitou a sair de sua terra por um vocação santa, a de ser “bênção para todas as famílias da terra”. Por este mesmo motivo Cristo desceu do céu – por nós e para nossa salvação. São Paulo também compreendeu o chamado e se dispôs a caminhar com Cristo e convidar outros a ir também com ele rumo à gloria da Terra prometida.

Eu também te digo hoje: Ânimo! Vamos seguir a Jesus nesta Quaresma! “Ele nos deu o exemplo para que sigamos seus passos” (1Pe 2, 21). Ouça com atenção o Seu Evangelho! Reze! Jejue! Seja caridoso! Não tenha medo! O caminho está apenas começando e há muito que ganhar por amor a Cristo.

Padre José Ruy

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