terça-feira, 18 de novembro de 2025

Como será o dia da minha morte?

Como será o dia da minha morte?

Como será...

           ... o dia da minha morte?
Quero que seja de sol
e que não cesse o labor.


Como será o dia?
O meu dia?
Suspiro suave de alívio
por Aquele que me libertou.

Quero que seja de sol,
porque a noite já passou.


Mas, e se aquele dia
não for dia para mim,
mas tempestade e solidão?
Pai, me abandonarás, então!?

"Não!
Será, então, o grande arrebol!
Manhã nupcial,
parelha a do Salvador.
E há de haver só um hino ao Sol,
e há de haver só um hino ao Amor!"


Xilogravura de Albrecht Dürer - "A Última Ceia" (The Last Supper) - , criada em 1510 e parte da série A Grande Paixão.

Eu vos chamo amigos - homenagem aos irmãos trapistas

Iluminura de Chroniques abrégées des Anciens Rois et Ducs de Bourgogne. Países Baixos do Sul, c. 1485-1490: entrada de São Bernardo de Claraval, capelão da Virgem Maria, saindo de sua casa a caminho da Borgonha. A igreja representada não é a Abadia de Claraval, como seria de se esperar, mas a Igreja de São Servácio em Maastricht.

Eu vos chamo amigos

O servo se une pela comum ação,
Mas não compartilha a comum intenção. 

Esta a traz bem profundo o amigo
que por ter igual amor caminha comigo.

E, ainda que não seja como eu
pelo caminho que escolheu,

traz consigo a bonita certeza
de que, em tempos de forte correnteza,

apesar de separados por hábito, casa e bordão,
o amigo na hora da dor se faz
irmão.

 

Homenagem aos irmãos trapistas de Nossa Senhora do Novo Mundo: https://www.mosteirotrapista.org.br/

Caminho que leva à igreja abacial da
Abadia de Nossa Senhora do Novo Mundo, Campo do Tenente/PR


quarta-feira, 21 de maio de 2025

Poema para a noite

 Noite Estrelada Sobre o Ródano, 1888 - Vincent van Gogh

 

Ó noite, minha amiga!

Por que fui teu inimigo durante tantos anos?

De ti, que escondes em teu regaço, nas dobras do teu manto, o rosto amável do meu Senhor!

Aquele que me vê, sem que possa ser observado,

que me vê no escondimento do Seu Amor.

 

Ó noite, que trazes as chamas brancas das estrelas bordadas em teu manto,

ó noite da promessa das estrelas!

 

Ó noite da confiança e do abandono que, gentilmente, só me pedes um passo de cada vez.

Ó noite que me livras de mim mesmo

e dos meus projetos,

e que só admites o eco de uma única oração: "Faça-se!"

 

Ó noite que preenches tudo e me guardas para o grande dia do abraço sem fim,

que já é realidade agora,

de noite.

 

Ó noite, minha amiga e companheira, que não me guardas para ti mesma,

mas me devolves ao teu Autor.

 

Ó noite nupcial!

Por que fui teu inimigo durante tantos anos?

Ó noite da salvação!